sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Que legal, Portugal!


Durante as férias deste ano, como escrevemos no blog da nossa família (http://www.familiaverges.wordpress.com/), pudemos passar alguns dias em Portugal.

Na verdade, já fazia um bom tempo que meu amigo Luis Dias me falava de suas férias em Peniche, terra natal de seus pais e para onde ele sempre retorna, desde criança. E, como somos os dois amantes do deslizar pelas ondas, ele tinha grande vontade de me levar para conhecer as belas praias e boas ondas de Peniche.

Aceitei i convite sem, na verdade, ter idéia do quanto esta viagem seria mais interessante do que podia imaginar...

Alguns dias antes de nossa partida, provei um sentimento interessante e prazeroso, uma excitação de partir a Portugal. Havia um carinho por esta terra em meu coração, como uma "saudade de tudo o que eu ainda não vi", como disse Renato Russo na música "Índios", do Legião Urbana. Senti um carinho por este país, tão ligado à nossa história.

Após cerca de 1200 km e de uma parada para o pernoite em Vailladolid (Espanha), fomos nos aproximando da fronteira. E foi com emoção que cruzei a divisa com Portugal!

As primeiras placas e cartazes em português, o primeiro contato com as pessoas (dois voluntários de uma associação benevolente), e tudo foi ficando mais e mais familiar.

Paramos logo à frente, o Luís desceu do seu carro e veio em nossa direção, sorriso estampado no rosto e nos dizendo: "Bem-vindos a Portugal! Estou realizando um sonho trazendo vocês aqui!" Não tem como não sentir uma intensa alegria num momento desses.

E eu ali, a refletir: "puxa vida, olha pra nós aqui em Portugal!" Foi uma afinidade imediata.

É preciso destacar que fazer esta viagem de carro, apesar de cansativa (uns 1800 km entre nossa casa e Peniche), foi deveras interessante. Deu pra curtir muito as paisagens, ganhar chão e sentir a realização da chegada. Quem me dera fazer outra dessas e, ainda mais, em duas rodas!

Destaque para as paisagens portuguesas. Acredite: em vários momentos você crê estar olhando para uma maquete. Pequenas propriedades cercadas por muros de pedras irregulares empilhadas, sem argamassa, altos de 1 metro aproximadamente. Dentro, algumas oliveiras, um poço, uma casa de pedras... muito bucólico, muito bem desenhado, simples e lindo...

Lindas as cidades também, que a gente vê ao longe, a partir da auto-estrada, cujas casas brancas que compõem quase a totalidade das construções brilham ao sol e destacam-se em meio a uma paisagem árida, de vegetação baixa e do céu de azul intenso.

Ao chegarmos a Peniche, passamos por um grande condomínio à direita, avistamos um parque aquático ao lado de um imenso camping público e nos dirigimos ao centro da cidade e ao mar. O Luís parou o carro, saindo da estrada justo em frente a uma praia muito linda, predominantemente composta de rochas avermelhadas que lembram um pouco Vila Velha, no Paraná pela sua cor. E ali pudemos contemplar um mar muito azul, ondas quebrando perfeitas, volumosas, oferecendo uma "parede" manobrável pra quem pudesse ali estar... O fundo de pedra proporciona uma regularidade à formação e ao desenrolar da onda que eu ainda não conhecia ao vivo e à cores... que belo cartão de visitas, Peniche! Depois descubri que essa praia chama-se Papoa e que exige um bom conhecimento do "pico" de quem quer ali surfar, pois o fundo é de rochas cortantes (acabei não vendo ninguém surfar ali durante os dias em estivemos em Peniche, apesar de ser um pico famoso). Surf só na maré cheia nesta praia...

Em Portugal pudemos degustar algumas delícias culinárias... Como as famosas sardinhas na brasa! Muito simples e muito bom: tomam-se as sardinhas frescas, inteiras, tal como vieram do mercado. Uma passada pela água pra limpar, sal grosso e grelha! Batatas cozidas pra acompanhar (sem nenhum molho), salada e pão de milho fatiado. Um bom "vinho verde" bem geladinho e voilà! Come-se a sardinha sobre a fatia de pão, fazendo-o de prato. A espinha central sai inteira, puxando-se a partir do rabo em direção à cabeça. E ao final de quatro ou cinco sardinhas, come-se finalmente o pão, que agora já está lambuzado com a gordurinha do peixe... no coments!!!

Além dessa maravilha, não posso destacar os bons pães, os bolos simples e deliciosos (de queijo, de arroz...) e os famosos pastéis de nata, que em Lisboa se chamam "de Belém", mas a receita é estritamente a mesma. A tradição: um bom café e uns pasteizinhos de nata e/ou uns bolinhos ao fim da tarde nas "pastelarias", que não vendem nada parecido com os pastéis que conhecemos no Brasil, são mais parecidas a uma mistura de confeitaria-café.

Foi uma viagem muito interessante porque nos permitiu perceber quanta coisa temos em comum com nossos patrícios. Somente estando em Portugal para que nós, brasileiros, possamos nos dar conta de nossa herança cultural. Sem falar da língua, é claro, destacaria o jeito mesmo das pessoas, a simplicidade do trato, das relações humanas... e destacaria também a arquitetura, tanto a mais antiga como as novas construções. Os casarios antigos temos similares nas cidades e centros históricos, como Parati, Ouro Preto, ou mesmo o Largo da Ordem, em Curitiba. Quanto às casas novas, é impressionante a semelhança da lógica das construções, principalmente na abundância das cores e nos sobrados. Nos dizíamos que, se nos dissessem que estávamos a olhar para um bairro qualquer no Brasil, não teríamos dificuldade nenhuma de acreditar.

Esta semelhança toda acabou nos dando um gostinho de casa, de Brasil... deu pra matar um pouco da saudade, de aprender coisas novas, conhecer pessoas muito queridas e acolhedoras (um grande abraço e muita gratidão à família do Luís, que nos recebeu muitíssimo bem). Foi enriquecedor, sem dúvidas!

Sem falar das lindas praias, da cor do mar, das boas ondas... De Lisboa, de seu charme, suas cores, tão alegre e acolhedora, de encher os olhos. Das cidades históricas (Óbidos e Batalha), do Mosteiro dos Jeronimos, de Batalha, ambos de uma arquitetura impressionante.

Portugal : um país a se visitar.

Muito obrigado, Senhor, por mais esta oportunidade maravilhosa!

Que legal, Portugal!!